No 30º aniversário da tua morte, eu resolvi me presentear com a releitura do teu livro “200 crônicas escolhidas (8ª edição)”, as melhores que já escreveste.
Não sei se tu sabes (sabias de tudo), mas eu parodiei tua crônica “Ai de ti, Copacabana”, que virou o poema “Ai de ti, século XX”: “Tua confidência às páginas da história repercute ainda hoje”.
Também graças a ti, me interessei por borboletas amarelas, crônicas singelas e uni-versos tagarelas (com perdão da rima paupérrima)!
Hoje, 19 de dezembro de 2020, eu saí à procura de uma borboleta amarela por aí, mas nem sinal dela. Será que continua enlutada? Tomou chá de sumiço?
Na Praça da Bíblia perguntei ao guarda municipal: “Tens visto a borboleta do Rubem?” Surpreso, ele me respondeu/perguntou: “A estrela do João? Por aqui, só de noitinha!”
Ah, bom e velho Rubem, a ideologia faz o bicho homem confundir um lepidóptero com uma estrela guia! Inspiração poética com militância política!
Muito engraçado: uns perseguem borboletas e são descontraídos e alegres. Outros colecionam borboletas (ia dizer siglas) e são retraídos e desconfiados!
O segredo estará na perseguição pura e simples das borboletas – ai de mim! – e não na captura – ai de ti! –afetiva e definitiva delas?
Sei apenas que seguiste a borboleta, habitaste o apartamento 1003 e escreveste a mais bela crônica deste país! Mais que isso, com teu lirismo e leveza capixabas, ajudaste a torná-la um gênero literário. Por isso, foste homenageado como papa dos cronistas brasileiros!
Sei, a duras penas, que a vida pode ser mágica como uma borboleta fugidia e simples, ou doce e descontraída, como uma crônica assinada por ti!
De resto, eu gostaria de te desejar um feliz e amarelo 30º aniversário de passamento (ia escrever passatempo)! Por incrível que pareça, contigo do lado de cá ou de lá, o tempo continua voando… feito um passarim.
Eu te espero, inesquecível Rubem, no lugar/dia e local/hora marcados de sempre! Nas páginas das tuas obras ou nas folhas do teu cajueiro (deveria ter escrito “nas ruas do teu Cachoeiro”).
Com muitas saudades capixabeiras,
A/Zarfeg.
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Por Almir Zarfeg – ou simplesmente AZ – escritor e jornalista que ama enigma e desafiar o leitor a pensar.
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